Trump mira o Pix em nova ofensiva comercial contra o Brasil
Investigação aberta por Washington coloca sistema brasileiro de pagamentos no centro de disputa com empresas dos EUA; governo Lula prepara reação diplomática

Investigação dos EUA tem o Pix como alvo principal
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, determinou nesta quarta-feira (16) a abertura de uma investigação comercial contra o Brasil. O principal foco da ação é o Pix, sistema de pagamento instantâneo desenvolvido pelo Banco Central, que tem incomodado grandes empresas americanas do setor financeiro.
A medida foi oficializada pelo Escritório do Representante de Comércio dos EUA (USTR) e se baseia na Seção 301 da Lei de Comércio de 1974. Para Washington, o Pix configura uma “prática desleal de mercado”, já que é operado por um órgão estatal e possui custos muito inferiores aos de plataformas como Visa e Mastercard.
Segundo os americanos, esse modelo daria ao Brasil uma vantagem artificial, afetando a competitividade das empresas dos Estados Unidos.
Sistema brasileiro incomoda gigantes do setor
Lançado em 2020, o Pix se tornou o principal meio de pagamento no Brasil, superando cartões, boletos e transferências tradicionais. Atualmente, são mais de 160 milhões de usuários, com bilhões de operações realizadas a cada mês.
Além disso, o uso gratuito para pessoas físicas tornou o Pix um modelo elogiado globalmente. Porém, essa inovação agora virou um ponto sensível na relação entre os dois países. A ofensiva dos EUA é a primeira a destacar um sistema de pagamentos como centro de uma disputa comercial bilateral com o Brasil.
Outros pontos da investigação incluem barreiras comerciais no setor de etanol, subvenções estatais, políticas ambientais e proteção à propriedade intelectual. Mesmo assim, o Pix continua sendo o principal alvo do processo.
Governo Lula articula reação diplomática
A reação brasileira foi imediata. O governo classificou a medida como “inaceitável” e se prepara para defender o sistema nacional em fóruns internacionais.
O vice-presidente Geraldo Alckmin, também ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, afirmou que o Brasil participará das audiências públicas previstas pelo USTR, mas não aceitará medidas que coloquem em risco a soberania tecnológica do país.
Segundo um assessor do governo, que falou sob condição de anonimato, a ação americana é uma tentativa de “barrar um modelo eficiente e transparente, que já se tornou referência internacional”.
Próximos passos da disputa
O processo conduzido pelo governo Trump terá uma audiência pública no dia 3 de setembro, nos Estados Unidos. Até lá, o Brasil poderá apresentar sua defesa por escrito.
Caso o USTR entenda que há prejuízo às empresas americanas, poderá recomendar sanções comerciais ou tarifas adicionais ao presidente. A decisão final cabe a Trump, que já tem histórico de ações protecionistas contra parceiros comerciais.