A Verticalização Defendida por Sabrina Garcêz: Uma Aposta que Prejudica os Cidadãos e Favorece Construtoras
A recente audiência pública promovida pela vereadora Sabrina Garcêz sobre o adensamento da Avenida Fued José Sebba levanta questões preocupantes quanto ao futuro do urbanismo em Goiânia. Embora a vereadora defenda que o adensamento traria vantagens à cidade, como a contenção do espraiamento urbano e a utilização de dois eixos viários importantes (BR-153 e Marginal Botafogo), o que realmente parece estar por trás desse movimento é o favorecimento a interesses de grandes construtoras, ignorando os reais impactos que essas medidas terão sobre a qualidade de vida dos moradores.
A proposta foi incluída no Projeto de Lei Complementar nº 12/2024, que estabelece parâmetros urbanísticos para a construção de 1.600 unidades habitacionais de interesse social, através do programa Minha Casa, Minha Vida. Contudo, a inclusão de uma emenda que favorece a verticalização da região, apesar do veto inicial do prefeito Rogério Cruz, sinaliza que a pressão do setor imobiliário tem prevalecido sobre os interesses da população.
Especialistas, como o engenheiro Antônio de Pádua, do Crea-GO, já alertaram que mudanças desse porte deveriam ser debatidas no contexto de uma revisão do Plano Diretor da cidade, e não por meio de emendas a projetos de lei específicos. Isso porque o impacto da verticalização é profundo e não se limita apenas à construção de novos prédios. A sobrecarga da infraestrutura urbana, já saturada pelo tráfego intenso, especialmente nas proximidades da Avenida Fued José Sebba, não parece ser devidamente considerada. A arquiteta Patrícia, moradora da região, expressou preocupações legítimas sobre a falta de planejamento adequado, mencionando o caos diário causado pelo número excessivo de carros estacionados e o congestionamento resultante do fluxo de veículos que chegam de outras cidades, como Senador Canedo e condomínios da BR-153.
A verticalização sugerida por Sabrina Garcêz promete benefícios ilusórios, como a redução do uso de carros por moradores que trabalhariam próximos aos seus novos lares, uma visão defendida pelo corretor Henrique Costa. No entanto, esse argumento falha ao ignorar a realidade cotidiana da cidade: a infraestrutura de transporte público é limitada e ineficiente, e a cultura do uso de carros em Goiânia continua sendo a regra, não a exceção. O que realmente acontecerá é o aumento do tráfego e a degradação da qualidade de vida, enquanto as grandes construtoras celebram os novos empreendimentos.
Além disso, a forma como o debate foi conduzido revela a desconexão da vereadora com as necessidades da população. A ausência de representantes da Prefeitura na audiência e a falta de participação ativa dos técnicos na discussão do impacto dessa medida sobre o trânsito, a poluição e a qualidade dos serviços públicos mostra um desrespeito ao processo democrático e transparente que deveria guiar mudanças urbanísticas tão significativas.
Esses fatores podem ter sido decisivos para a não reeleição de Sabrina Garcêz. Ao priorizar interesses de construtoras em detrimento da população, ela perdeu o apoio dos eleitores que exigem políticas mais humanas e centradas no bem-estar coletivo, e não na expansão imobiliária desenfreada. O futuro de Goiânia precisa ser pensado de forma sustentável, com planejamento a longo prazo, que realmente beneficie os cidadãos, em vez de atender a uma agenda econômica que favorece os grandes empresários do setor imobiliário.
O verdadeiro impacto desse tipo de adensamento descontrolado não será sentido pelas construtoras, mas sim pelos moradores da região, que enfrentarão um trânsito ainda mais caótico, uma sobrecarga nos serviços públicos e uma perda irreparável de qualidade de vida.