• Nacional

    Carrefour se retrata após boicote à carne do Mercosul e revive passado de crises no Brasil

     

    O Carrefour mais uma vez precisou lidar com uma crise de imagem no Brasil. Desta vez, o motivo foi a decisão da matriz francesa de suspender a compra de carne dos países do Mercosul, incluindo o Brasil, para apoiar os agricultores franceses. A reação foi imediata. Produtores e autoridades brasileiras consideraram a medida um ataque à cadeia produtiva nacional.

    Pressionado, o Diretor-Presidente do Grupo Carrefour, Alexandre Bompard, enviou uma carta ao Ministério da Agricultura pedindo desculpas e reforçando o compromisso do Carrefour Brasil com fornecedores locais. No texto, Bompard reconheceu o “mal-entendido” e garantiu que o grupo continuará comprando quase toda a carne consumida no Brasil de produtores nacionais.

    A crise atual trouxe à tona memórias de outros momentos difíceis para a gigante varejista no país. Em 2018, o caso Manchinha chocou o Brasil. O cachorro morreu após ser envenenado e espancado por um funcionário de uma loja da rede em Osasco, São Paulo. O episódio gerou comoção nacional e internacional, resultando em protestos e na exigência de que a empresa se posicionasse. Apenas seis anos depois, em 2024, a cidade de Osasco inaugurou um monumento em homenagem ao animal, relembrando um episódio que marcou a história da empresa no Brasil.

    Essa não foi a única crise de repercussão nacional enfrentada pelo Carrefour. Em 2020, a morte de João Alberto Freitas, um homem negro espancado por seguranças de uma loja em Porto Alegre, gerou revolta e acusações de racismo estrutural contra a empresa. Protestos antirracistas tomaram conta do país, e a rede precisou anunciar mudanças em seus protocolos de segurança e investimentos em programas de combate ao racismo.

    Agora, com o boicote à carne do Mercosul, o Carrefour se vê novamente no centro de uma controvérsia. A medida, segundo a matriz francesa, foi uma tentativa de ajudar agricultores locais que enfrentam dificuldades financeiras. No entanto, no Brasil, o gesto foi interpretado como uma afronta à produção agropecuária nacional.

    Nos bastidores, a rede tenta evitar um desgaste maior. Desde o episódio com Manchinha até a recente polêmica envolvendo a carne, o Carrefour tem adotado uma postura pública de pedido de desculpas e ajustes internos. Ainda assim, a reconstrução da confiança com consumidores brasileiros tem se mostrado um caminho longo e tortuoso.

    Enquanto tenta superar mais essa crise, a empresa enfrenta uma pergunta que persiste: até onde um pedido de desculpas é suficiente para apagar o impacto das crises que marcam sua história no Brasil?

    Últimas Notícias