Trump ameaça retomar controle do Canal do Panamá e critica taxas cobradas pelo país
Ex-presidente dos EUA cita influência chinesa na hidrovia e reclama de “taxas exorbitantes”; relembre a história do Canal do Panamá.

O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a provocar polêmica ao ameaçar reassumir o controle do Canal do Panamá, uma das hidrovias mais estratégicas do mundo. Em postagens feitas no sábado (21) na Truth Social, Trump acusou o Panamá de cobrar taxas “exorbitantes” pelos direitos de passagem e sugeriu que os Estados Unidos deveriam reaver a administração da via.
“As taxas cobradas pelo Panamá são ridículas, especialmente sabendo da extraordinária generosidade que foi concedida ao Panamá pelos EUA”, afirmou Trump. Em outra publicação, foi ainda mais incisivo: “Se os princípios, tanto morais como jurídicos, deste gesto magnânimo de doação não forem retribuídos, então prosseguiremos exigindo que o Canal do Panamá nos seja devolvido, na íntegra e sem quaisquer perguntas.”
Trump também levantou preocupações sobre a crescente influência da China na região, afirmando que o canal, entregue ao Panamá pelo governo do ex-presidente Jimmy Carter em 1999, foi dado para ser exclusivamente administrado pelo país centro-americano, e não por “outros países”.
Um canal estratégico na história global
O Canal do Panamá, inaugurado em 15 de agosto de 1914, é uma das obras de engenharia mais emblemáticas do mundo. Com aproximadamente 82 quilômetros de extensão, ele conecta os oceanos Atlântico e Pacífico, reduzindo em milhares de quilômetros a rota marítima entre as duas costas americanas. Antes do canal, os navios precisavam contornar toda a América do Sul pelo Cabo Horn, na ponta do continente.
A construção do canal foi iniciada pela França em 1881, mas o projeto enfrentou uma série de dificuldades, incluindo problemas técnicos e doenças tropicais, como malária e febre amarela, que dizimaram a força de trabalho. Após o fracasso francês, os Estados Unidos assumiram a obra em 1904 e concluíram o canal dez anos depois.
Por décadas, a hidrovia permaneceu sob controle dos EUA, que administravam a zona do canal como uma espécie de território exclusivo. Em 1977, o presidente Jimmy Carter e o líder panamenho Omar Torrijos assinaram os Tratados Torrijos-Carter, que estabeleceram a devolução progressiva do canal ao Panamá, culminando com a entrega definitiva em 31 de dezembro de 1999.
Hoje, o Canal do Panamá é vital para o comércio global, movimentando cerca de 6% do comércio marítimo mundial. Os Estados Unidos continuam sendo o principal usuário da hidrovia, seguidos pela China.