Ceará lidera ranking de pontes federais em situação crítica; Goiás não apresenta dados

A recente tragédia na divisa entre Tocantins e Maranhão, onde uma ponte desabou, trouxe à tona um problema estrutural que se repete em todo o Brasil. Segundo levantamento do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), atualizado até maio de 2023, o Ceará ocupa o primeiro lugar no ranking nacional, com 93 pontes federais em situação precária — sendo 77 classificadas como “ruins” e 16 como “críticas”.
A situação das pontes federais evidencia um descaso com a manutenção de infraestrutura essencial. No caso do Tocantins, o desabamento da ponte que ligava o estado ao Maranhão resultou na interrupção do tráfego e prejuízos econômicos para a região. O governo federal anunciou um decreto emergencial, que destinará R$ 100 milhões para reconstruir a estrutura e remover os escombros. Porém, especialistas alertam que os investimentos são pontuais e não resolvem o problema nacional.
Goiás fora do levantamento
Enquanto estados como Minas Gerais (81 pontes em estado ruim ou crítico) e Pernambuco (73) aparecem entre os mais afetados, Goiás não apresentou dados no levantamento do Dnit. A ausência de informações levanta questionamentos sobre a transparência no monitoramento das estruturas locais.
Sem dados oficiais, é difícil saber se o estado enfrenta problemas semelhantes aos de outras regiões. Com mais de 1.100 quilômetros de rodovias federais sob sua jurisdição, a precariedade de possíveis estruturas comprometidas poderia impactar tanto o tráfego local quanto as rotas de exportação e transporte de cargas.
Um problema nacional
Segundo a classificação do Dnit, as pontes federais são avaliadas em cinco categorias: 1 – crítico, 2 – ruim, 3 – regular, 4 – bom e 5 – ótimo. A ponte que desabou na divisa do Tocantins estava na categoria 2 (ruim), refletindo uma realidade alarmante para mais de 700 outras pontes pelo país.
O Ceará, líder do ranking, não está sozinho no desafio de lidar com infraestrutura deficiente. Estados como Bahia (68), Pará (63) e Rio Grande do Sul (56) também enfrentam números preocupantes. No entanto, a ausência de dados de estados como Goiás e São Paulo impede uma avaliação completa do problema.
Ações e investimentos
Para mitigar os riscos e evitar novas tragédias, o ministro dos Transportes, Renan Filho, anunciou que o governo federal está estudando medidas de longo prazo para revitalizar a infraestrutura viária do país. “O desabamento no Tocantins é um alerta que não podemos ignorar”, afirmou o ministro.
Enquanto isso, a população segue vulnerável, e o transporte de mercadorias essenciais enfrenta ameaças constantes. O Brasil, potência agrícola mundial, depende de um sistema logístico eficiente para garantir competitividade global. Investir em infraestrutura rodoviária e ferroviária é mais do que uma necessidade; é uma prioridade estratégica.
Reflexão e transparência
A situação das pontes federais reflete um desafio maior: a falta de planejamento e investimento adequado na manutenção de estruturas críticas para a economia e a segurança pública. Goiás, Tocantins e outros estados precisam de transparência e fiscalização para evitar que tragédias anunciadas se repitam.
A recuperação das pontes em situação crítica é apenas o início. O Brasil precisa de um programa contínuo de manutenção e investimentos em infraestrutura para garantir que o progresso do país não dependa de estruturas em ruínas.