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    Papa Francisco morre aos 88 anos: legado de influência política e transformação pastoral

    Jorge Mario Bergoglio foi o primeiro papa latino-americano da história e deixa um pontificado marcado por reformas internas, diálogo com líderes mundiais e defesa dos pobres

    O Papa Francisco, nascido Jorge Mario Bergoglio, faleceu nesta segunda-feira (21) aos 88 anos. Líder da Igreja Católica desde 2013, Francisco foi o primeiro papa oriundo da América Latina. Também foi o primeiro jesuíta a ocupar o cargo e o primeiro a adotar o nome inspirado em São Francisco de Assis. A escolha sinalizou sua intenção de conduzir uma Igreja mais simples, voltada aos pobres e conectada às causas sociais e ambientais.

    Seu pontificado ultrapassou as fronteiras da fé. Francisco tornou-se uma das vozes mais influentes do mundo, com forte atuação política e pastoral. Ele teve impacto direto em temas como migração, crise climática, combate à pobreza e mediação de conflitos. Além disso, enfrentou desafios internos, como os escândalos de abusos sexuais dentro da Igreja.


    Atuação política desde Buenos Aires

    Antes de ser eleito papa, Bergoglio atuou como arcebispo de Buenos Aires e cardeal da Argentina. Durante a ditadura militar (1976-1983), sua postura gerou controvérsias. Embora existam críticas por seu silêncio público na época, há relatos de que ajudou perseguidos políticos a se esconderem.

    Após o retorno da democracia, passou a criticar abertamente a desigualdade social e o avanço da pobreza. Enfrentou lideranças como Néstor e Cristina Kirchner, apontando falhas na gestão pública e nos serviços sociais.


    Voz política global durante o pontificado

    Assim que assumiu o papado, Francisco tornou-se um líder global. Em 2014, atuou diretamente na reaproximação diplomática entre Estados Unidos e Cuba. O diálogo entre Barack Obama e Raúl Castro teve mediação do Vaticano.

    No debate ambiental, seu maior marco foi a encíclica Laudato Si’, publicada em 2015. O documento abordou a crise climática como uma questão ética, espiritual e social. Além disso, influenciou negociações em conferências climáticas da ONU.


    Defesa de migrantes e crítica ao conservadorismo

    Francisco também se destacou pela firme defesa de migrantes e refugiados. Em visitas a campos de acolhimento, denunciou a indiferença internacional e cobrou solidariedade entre as nações.

    Por outro lado, não hesitou em criticar o avanço do populismo autoritário em diversos países. Segundo ele, a política do medo não pode substituir a compaixão.

    Internamente, propôs uma Igreja mais aberta e inclusiva. Recebeu críticas de setores ultraconservadores ao defender o acolhimento de pessoas LGBTQIA+, de divorciados recasados e ao ampliar o papel das mulheres.


    Reforma interna e combate aos abusos

    Uma das prioridades de seu pontificado foi reformar a estrutura administrativa do Vaticano. Francisco buscou mais transparência nas finanças e combateu casos de corrupção interna.

    Além disso, criou mecanismos mais rígidos para responsabilizar padres e bispos acusados de abuso sexual. Mesmo assim, enfrentou críticas por lentidão em alguns processos e pela resistência de setores da Cúria Romana.


    Papa dos pobres e das periferias

    Francisco ficou conhecido pelo estilo pastoral próximo das pessoas. Visitou favelas, prisões e hospitais. Lavou os pés de refugiados e discursou em comunidades pobres de vários continentes.

    Desde o início de seu pontificado, repetia: “Prefiro uma Igreja acidentada por estar nas ruas a uma Igreja doente por estar trancada.” Essa frase resume sua visão pastoral.


    Transição e futuro da Igreja

    Com sua morte, a Igreja Católica inicia um novo período de transição. O Colégio dos Cardeais se reunirá para eleger um novo papa. A escolha será observada de perto, principalmente por causa das transformações promovidas por Francisco nos últimos anos.

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