Prefeitura de Goiânia exige reposição de horas para servidores em dias de jogos da Copa do Mundo Feminina
Medida da Secretaria Municipal de Educação é questionada por Sindicato dos Servidores da Educação
A Secretaria Municipal de Educação de Goiânia (SME) publicou o Ofício Circular n° 045/2023 na última segunda-feira (24), trazendo orientações sobre o ponto facultativo nos dias de jogos da Seleção Brasileira de Futebol Feminino na Copa do Mundo FIFA 2023. A medida tem causado polêmica e recebeu críticas dos servidores da educação, representados pelo Sindicato Municipal dos Servidores da Educação de Goiânia (Simsed).
De acordo com o ofício, as escolas têm duas opções: funcionar normalmente ou aderir ao ponto facultativo no dia 02 de agosto, quando o jogo da seleção feminina está previsto para as 07 horas. Caso optem pelo ponto facultativo, os servidores deverão fazer a reposição das horas no dia 05 de agosto, sábado.
Após a repercussão negativa, o Sindicato dos Servidores da Educação de Goiás (Sintego) interveio e solicitou uma terceira opção: a realização da reposição no dia do jogo, no período vespertino ou noturno. Um novo ofício foi publicado ontem (25).
Desvalorização do esporte feminino
Vera Paulina, representante do Simsed, manifestou-se contrária à exigência de reposição no sábado e criticou a gestão municipal. Segundo ela, a decisão não valoriza o esporte feminino e vai contra o decreto municipal que buscava dar visibilidade para a Copa do Mundo Feminina. O decreto Nº 3.533/2023 estabelecia o ponto facultativo durante os jogos, exceto para órgãos com plantão permanente, o que não se aplica às instituições educacionais.
A representante do sindicato também questionou a disparidade no tratamento dado aos jogos femininos e masculinos. Durante a Copa do Mundo masculina, os servidores tiveram direito ao ponto facultativo no horário dos jogos e não precisaram repor as horas não trabalhadas. “Por que nos jogos femininos a SME quer fazer diferente, exigindo reposição no sábado para quem aderir ao ponto facultativo?”, questionou.
Vera Paulina ressaltou, ainda, que a gestão não tem dialogado com a categoria há anos, buscando negociações apenas com o Sintego, que, segundo ela, atende mais aos interesses da gestão do que aos dos trabalhadores.
Impactos nos servidores
A medida imposta pela Secretaria de Educação pode gerar impactos negativos no interesse e na participação dos servidores em eventos esportivos femininos no futuro. Vera Paulina enfatizou que a categoria está sofrendo com o desrespeito contínuo por parte dos gestores, o que pode afetar a motivação e o bem-estar dos profissionais.
Além disso, a exigência de reposição das aulas no sábado também tem implicações práticas para os servidores. O sábado é considerado um dia traumático para a categoria, ultrapassando a carga horária semanal e requerendo horas-extras que nem sempre são devidamente pagas. Esse cenário também prejudica o tempo pessoal e familiar dos profissionais.
Em relação aos estudantes, Vera afirmou que a insatisfação dos servidores pode interferir na qualidade do ensino. Por outro lado, comprova-se que o número de dias letivos não possui ligação direta com o desempenho dos alunos.
A polêmica continua em Goiânia, colocando em foco o debate sobre a valorização do esporte feminino e os direitos dos servidores da educação.