Especialista afirma: Goiânia possui o sistema de trânsito mais precário e atrasado do país
O sistema de sinalização de trânsito em Goiânia enfrenta uma série de problemas históricos, tornando-o um dos mais precários e atrasados do país. Não se trata de estar tecnicamente correto ou incorreto, já que há uma normatização nacional. O que é para ser feito e como deve ser feito já está definido pelo Código Brasileiro de Trânsito. O problema está na gestão da demanda.
Essa é a resposta de Marcos Villas Boas, especialista em Mobilidade Urbana Sustentável, para uma pergunta simples: quais são os principais problemas da sinalização vertical e horizontal nas ruas de Goiânia?
Ex-superintendente de Mobilidade de Goiânia, Villas Boas concedeu entrevista ao Transmissão Política em que aborda a tecnologia semafórica e a segurança viária.
Durante uma década, Goiânia ficou refém de empresas proprietárias de tecnologia semafórica, resultando na perda de prazos e licitações, ressalta Marcos. Atualmente, a cidade controla seus semáforos manualmente, com técnicos usando cronômetros e temporização estática. Isso significa que os semáforos operam da mesma forma durante o horário de pico e fora dele, sem adaptação às condições reais do tráfego. Além disso, a falta frequente de energia elétrica interrompe a sincronia dos semáforos, reiniciando o ciclo de funcionamento.
Leia a seguir os principais trechos da entrevista com o Ex-superintendente de Mobilidade:
A licitação e a escolha de modelos tecnológicos e inteligentes pareciam ser uma solução simples, porém, revelaram-se barreiras estruturais. O “termo de referência”, documento orientador da licitação, elaborado por especialistas técnicos, engenheiros experientes e agentes de trânsito qualificados, acaba sendo desfigurado pela burocracia e pressões políticas que afetam todas as licitações milionárias.
Trata-se de um problema estrutural que afeta também a aquisição de placas, postes, tintas e outros elementos relacionados à segurança viária.
Com este histórico, Goiânia tem somente o essencial em sinalização horizontal e vertical. Há demandas infindáveis e pouca capacidade de resposta. O órgão responsável pelo trânsito entrou na lista de ocupação política e descontinuou processos e projetos vitais como o Plano de Mobilidade, semaforização inteligente, estacionamento compartilhado e gestão de dados.
Goiânia, a cidade mais desigual da América Latina, tem um dos ambientes de trânsito mais hostis e segregadores do país.