Professores federais são agredidos durante assembleia da categoria
A Assembleia Geral de professores das universidades e institutos federais, realizada nesta quinta-feira, 23, em Goiânia, foi marcada por tumultos, incluindo agressões verbais e físicas. O encontro, que tinha como objetivo deliberar sobre a contraproposta do governo federal referente à defasagem salarial dos docentes, que já dura quase uma década, acabou em confusão.
Relatos apontam que o conflito se originou devido a divergências entre sindicalistas da Associação dos Docentes da Universidade Federal de Goiás (Adufg-Sindicato) e do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes).
Professor de física da UFG, Ernanni Damião Vieira relatou ao jornal Opção que estava discursando durante a assembleia quando um colega lhe tomou o microfone. Tentando recuperar o aparelho para continuar seus argumentos sobre a greve, Ernanni afirmou ter sido agredido por uma mulher, que seria esposa do professor identificado apenas como Alexandre.
“Eu já estava me retirando do local da confusão, o Alexandre se afastou e eu também me afastei. De repente, um professor da Faculdade de Psicologia, ativo no Andes, veio e me desferiu um soco no rosto enquanto eu estava sendo segurado por um colega”, relatou Ernanni, referindo-se ao agressor como Guilherme Araújo Marques da Silva.
A professora Rosana Borges, sentada na primeira fileira, testemunhou toda a agressão. Segundo ela, Ernanni ainda levou uma “voadora” da mulher identificada como esposa de Alexandre.
O presidente do Adufg-Sindicato, Geci Silva, explicou que a Assembleia rejeitou a proposta do governo federal. No entanto, a decisão final será homologada por meio de um plebiscito, que se encerrará na próxima segunda-feira, 27. Geci esclareceu que o governo federal apresentou a contraproposta no último dia 15, e a assinatura do acordo com as entidades que aceitarem a proposta está agendada para as 14h do dia 27.
“Nós começamos a assembleia na terça-feira, enfrentamos alguns problemas técnicos e a continuamos hoje. Agora estamos submetendo o resultado da assembleia a um plebiscito para verificar se os professores concordam ou não com o desfecho”, enfatizou Geci. Ele destacou que o plebiscito permitirá a participação daqueles que não puderam comparecer ao encontro presencial ou remoto. “Durante a assembleia, com os presentes, a proposta do governo foi rejeitada”, concluiu. O plebiscito também decidirá sobre o término da greve.
Os professores criticam a contraproposta do governo, que não prevê reajuste salarial imediato, mas apenas um escalonamento a partir de 2025, com 4,5%, e mais 5% em maio de 2026, conforme a tabela apresentada.
Entidades representativas
Atualmente, os servidores do ensino superior e do ensino básico tecnológico são representados nacionalmente pelo Andes; pelo Sindicato Nacional dos Servidores da Educação Básica, Profissional e Tecnológica (Sinasefe); e pela Federação de Sindicatos de Professores e Professoras de Instituições Federais de Ensino Superior e de Ensino Básico Técnico e Tecnológico (Proifes-Federação), à qual a Adufg-Sindicato é filiada.
“Essas três entidades representam os professores do magistério superior e do ensino básico tecnológico (EBTT). O Sinasefe tem como base o pessoal do EBTT; o Andes e o Proifes abrangem tanto os professores do magistério superior quanto do EBTT, que inclui os antigos colégios de aplicação, como o Centro de Ensino e Pesquisa Aplicada à Educação (Cepae)”, explicou Geci.
No entanto, algumas universidades optaram por se filiar à Proifes, enquanto a maioria permanece com o Andes. Em estados como Goiás, Rio Grande do Norte e Santa Catarina, as filiações a essas entidades variam. As negociações e acordos são conduzidos conforme as circunstâncias, exemplificando a divergência sobre a greve, com o Andes propondo a paralisação, enquanto a Proifes discorda.