Entenda a longa disputa territorial entre Venezuela e Guiana
A disputa territorial entre a Venezuela e a Guiana sobre a região de Essequibo, rica em minérios e pedras preciosas, é uma das mais antigas e complexas da América Latina.
Essequibo está sob controle da Guiana desde que o país se tornou independente, em 1966. Antes disso, era dominada pelo Reino Unido, desde meados do século XIX.
Os britânicos, que controlavam Essequibo antes da independência da Guiana, baseavam seu direito ao território no fato de que os espanhóis, que anteriormente controlavam a região, haviam cedido a área aos holandeses em 1648. A Holanda, por sua vez, passou parte dessa terra ao Reino Unido.
A Venezuela, por outro lado, afirma que o território pertence a ela porque era parte do Império Espanhol. O país também argumenta que os holandeses nunca ocuparam a região à oeste do rio Essequibo. A reivindicação existe mesmo antes de o país se tornar independente, ou seja, quando ainda era parte da Grã-Colômbia.
Em 1966, pouco antes da Guiana se tornar independente, Reino Unido e Venezuela assinaram um acordo em Genebra que definia que os dois países deveriam formar uma comissão mista para solucionar a questão da fronteira.
Mas o próprio acordo prevê que, caso não houvesse resolução, o caso deveria ser levado ao Secretariado-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), o que aconteceu na década de 80.
Em 2015, a disputa ficou mais acirrada com a descoberta de campos de petróleo na região. Assim, a Guiana já está explorando as reservas, em parceria com companhias como a norte-americana ExxonMobil e a chinesa CNOOC.
As descobertas tornaram a Guiana uma das economias que mais crescem no mundo. Seu produto interno bruto (PIB) deverá crescer 25% este ano, depois de ter expandido 57,8% em 2022.
Em 2018, o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, decidiu que o caso deveria ser julgado pela Corte Internacional de Justiça (CIJ), em Haia. Na sexta-feira, com a ameaça emitente da Venezuela anexar a região, a decisão foi anunciada.
A questão é que a Venezuela não reconhece a CIJ como uma instância apropriada para resolver a questão e resolveu não aderir aos conselhos.
Texto adaptado de: Agência Brasil