Ucrânia destruiu grande navio da marinha russa na Crimeia
Ucrânia destruiu grande navio da marinha russa na Crimeia Navio russo em Feodosia, na Crimeia, foi destruído num “trabalho de filigrana” que resultou na morte de uma pessoa. Ucrânia pondera baixar aos 25 anos a idade limite para a mobilização para a guerra.
A força aérea ucraniana destruiu um importante navio de desembarque russo estacionado nas águas da Crimeia, tendo provocado a morte a uma pessoa e ferimentos a outras duas. “E a frota russa está a ficar cada vez mais pequena! Obrigado aos pilotos da Força Aérea e a todos os envolvidos pelo trabalho de filigrana!”, disse o comandante da Força Aérea da Ucrânia, Mykola Oleshchuk, no Telegram, sem fornecer provas. O Ministério da Defesa russo confirmou que um ataque ucraniano com mísseis lançados do ar contra Feodosia tinha atingido e danificado um grande navio de desembarque russo.
Numa declaração separada, em comunicado, a força aérea da Ucrânia disse que os seus pilotos atacaram Feodosia por volta das 2h30 locais (00h30 em Portugal Continental) com mísseis de cruzeiro, destruindo o navio Novocherkassk da frota russa do Mar Negro, no mesmo dia em que 13 dos 19 drones que a Rússia lançou contra a Ucrânia foram abatidos. Não se sabe para já quais os detalhes sobre os mísseis que a Ucrânia terá utilizado na Crimeia, mas o Ministério da Defesa russo adiantou, no comunicado citado pela agência noticiosa Interfax que confirma o ataque, que serão mísseis guiados.
Na terça-feira, Sergei Aksyonov, o governador russo da Crimeia, disse que o ataque ucraniano provocou um incêndio na zona portuária da cidade, que foi rapidamente contido; e confirmou a existência de uma morte e dois feridos. “Todos os serviços de emergência relevantes estão no local”, disse Aksyonov no Telegram. “Os residentes de várias casas serão evacuados”. A administração russa da Crimeia afirmou num comunicado que, devido a “razões técnicas”, os comboios não partirão de Feodosia por enquanto e que o tráfego rodoviário foi parcialmente bloqueado na cidade.
Feodosia, que tem uma população de cerca de 69 mil pessoas, situa-se na costa sul da península da Crimeia. Imagens publicadas em vários canais de notícias russos no Telegram mostraram fortes explosões e incêndios numa zona portuária. Tanto a Rússia como a Ucrânia têm frequentemente exagerado as perdas que afirmam ter infligido uma à outra durante a guerra de 22 meses, subestimando simultaneamente as suas próprias perdas em termos de baixas e de equipamento.
Rússia afirma que controla Maryinka no leste da Ucrânia, Kiev nega
A Rússia afirmou ainda no domingo que as suas forças ganharam o controlo total de Maryinka, no leste da Ucrânia, mas os militares de Kiev negaram a afirmação de Moscovo, dizendo que as tropas ucranianas ainda se encontravam dentro das fronteiras da cidade destruída. “As nossas unidades de assalto (…) libertaram hoje [domingo] completamente a povoação de Maryinka”, disse o Ministro da Defesa, Sergei Shoigu, ao Presidente russo Vladimir Putin num encontro transmitido pela televisão.
Putin afirmou que o controlo da cidade, que fica a cerca de cinco quilómetros a sudoeste da cidade de Donetsk, permitirá às forças russas afastar as unidades de combate inimigas de Donetsk. “As nossas tropas têm a oportunidade de alcançar uma área operacional mais alargada”, afirmou num vídeo da conversa entre ele e Shoigu publicado online por um jornalista do Kremlin.
Mas Oleksandr Shtupun, porta-voz das forças armadas ucranianas, disse à emissora nacional ucraniana, já na segunda-feira, que uma luta feroz pela cidade continuava. “As nossas tropas estão nas fronteiras administrativas de Maryinka, as batalhas pela cidade continuam”, disse Shtupun. “A cidade está completamente destruída, mas é incorrecto falar sobre a captura completa de Maryinka.”
A Reuters não conseguiu apurar de forma independente estes relatos, nem quem controla Maryinka, uma pequena cidade na região de Donetsk que tinha uma população de cerca de 10 mil pessoas antes do início da guerra e que, desde então, foi transformada em escombros. As informações sobre o assalto a Maryinka surgiram no momento em que Moscovo prossegue a sua mais recente ofensiva ao longo de toda a frente oriental, com o objectivo de controlar mais território ucraniano.
Há muito que as tropas ucranianas construíram fortes fortificações em Maryinka, o que lhes permitiu repelir numerosos ataques russos. Se as afirmações da Rússia sobre a tomada da cidade se confirmarem, serão os ganhos mais significativos de Moscovo no campo de batalha desde Maio, quando Moscovo conquistou a cidade ucraniana de Bakhmut, palco de alguns dos combates mais sangrentos desta guerra. A contra-ofensiva ucraniana que se seguiu em Junho teve como objectivo retomar as terras no sul e no leste do país, incluindo Bakhmut.
As forças de Kiev, no entanto, têm-se esforçado por fazer progressos significativos na sua contra-ofensiva, face à resistência russa entrincheirada. As tropas russas também intensificaram os ataques terrestres e aéreos à cidade vizinha de Avdiivka desde meados de Outubro, como ponto focal da sua lenta ofensiva através da região de Donbass, no leste da Ucrânia.
Avdiivka foi brevemente capturada em 2014 pelos separatistas apoiados pela Rússia, que se apoderaram de grandes partes do leste da Ucrânia. Mais tarde, foram construídas fortificações em torno da cidade, vista como uma porta de entrada para Donetsk.
Projecto de lei da Ucrânia propõe baixar a idade de mobilização de 27 para 25 anos
O texto de um projeto de lei publicado no site do Parlamento ucraniano na segunda-feira propunha a redução da idade de mobilização para o serviço de combate de 27 para 25 anos. O texto especificava quais os cidadãos ucranianos que estariam sujeitos à inscrição no registo militar de conscritos e dizia que se aplicaria àqueles “que tivessem atingido a idade de 25 anos”. Uma nota explicativa assinada pelo Ministro da Defesa, Rustem Umerov, resumia as principais disposições do projeto de lei, referindo que estas incluíam a “alteração da idade de alistamento de 27 para 25 anos”.
O Presidente Volodymyr Zelensky disse, na sua conferência de imprensa de fim de ano, a 19 de Dezembro, que os militares tinham proposto a mobilização de mais 450 mil a 500 mil ucranianos, mas que se tratava de uma questão “altamente sensível” que os militares e o Governo iriam discutir antes de decidirem se enviariam a proposta ao Parlamento. Zelensky, que ainda não apoiou publicamente a proposta, disse a 19 de Dezembro que queria ouvir mais argumentos a favor da mobilização de mais pessoas. “Este é um número muito sério”, afirmou.
O número de tropas da Ucrânia não é conhecido, mas no passado foi dito que o país tem cerca de um milhão de pessoas armadas. As autoridades americanas estimam que centenas de milhares de pessoas foram mortas e feridas desde que a Rússia invadiu a Ucrânia. Nenhum dos países publica os respectivos números de vítimas.
David Arakhamia, líder do partido de Zelensky no parlamento, disse que o Governo estava a trabalhar no projecto de lei a pedido dos militares e que este deveria ser apresentado na segunda-feira. “Os militares precisam de uma solução para os seus problemas”, afirmou numa mensagem publicada no Telegram na segunda-feira. “A sociedade quer ouvir respostas a todas as questões sensíveis”.
Fonte: Público