Etanol e carros populares: a combinação que transforma a indústria automobilística brasileira
Lula analisa estratégias para tornar veículos mais acessíveis e ecoeficientes
“Qual pobre que pode comprar carro popular por R$ 90 mil?”, questionou o presidente Lula durante a primeira reunião do novo Conselhão. O cenário automotivo brasileiro pode estar prestes a passar por uma grande mudança com o possível retorno do carro popular. As discussões entre montadoras, associações automotivas e o Governo Federal ganham força e levantam questões relevantes sobre impostos, margem de lucro e a viabilidade de trazer esse produto de volta ao mercado.
Um dos aspectos-chave para a viabilização do carro popular é o uso do etanol como principal combustível. O Brasil tem uma longa história com a produção e uso de etanol, sendo um dos maiores produtores mundiais desse biocombustível. Ao optar por um carro popular movido apenas a etanol, o país reforça sua posição no mercado de energia limpa e sustentável.
A ideia é que o carro popular seja um modelo compacto, com baixa potência e preço acessível, não ultrapassando R$ 50 mil. Para efeito de comparação, atualmente, o carro mais barato do Brasil, o Renault Kwid, tem preço inicial de R$ 68 mil. A aposta nesse tipo de veículo tem como objetivo aumentar o volume de vendas e produção, já que a indústria automotiva opera com quase 50% de ociosidade.
Margarete Gandini, diretora do Departamento de Desenvolvimento da Indústria de Alta-Média Complexidade Tecnológica do MDIC, confirmou que o Governo está trabalhando para trazer o carro popular de volta. No entanto, ainda há diversos pré-requisitos a serem analisados e ajustados, como a desoneração na folha de impostos e a revisão da margem de lucro das montadoras.
O Rota 2030, programa federal de incentivo à indústria automotiva, deve receber uma atualização e iniciar sua segunda fase no meio deste ano, o que pode contribuir para a retomada do carro popular no país. A expectativa é que essa mudança possa gerar impactos positivos na economia e no meio ambiente, com a maior adesão ao etanol e a popularização dos veículos mais acessíveis.
O presidente Lula reforça a importância dessa iniciativa e se mostra disposto a estudar como reduzir os preços dos veículos para torná-los mais acessíveis à população de baixa renda. A volta do carro popular ao Brasil, portanto, traz à tona importantes discussões sobre sustentabilidade, acessibilidade e incentivos governamentais. Com a crescente preocupação global em relação às mudanças climáticas, o uso do etanol como combustível pode ser uma solução importante para a redução das emissões de gases de efeito estufa. Além disso, tornar os veículos mais acessíveis pode impulsionar a indústria automotiva nacional e trazer benefícios à economia como um todo.