Glauber Braga completa 8 dias de greve de fome e mobiliza apoios em defesa de seu mandato
Deputado do PSOL protesta contra recomendação de cassação e denuncia perseguição política

O deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) completou nesta quarta-feira (16) oito dias em greve de fome, em protesto contra a recomendação de cassação de seu mandato pelo Conselho de Ética da Câmara dos Deputados. Desde o início do protesto, Braga permanece acampado no plenário da Casa, ingerindo apenas bebidas isotônicas e sendo monitorado por médicos duas vezes ao dia.
Em nota divulgada nesta quarta-feira, o parlamentar afirmou: “Essa noite senti mais o abalo emocional. Dormi pouco, cerca de quatro horas. Acordei, pensei bastante e me sinto forte novamente. Não vou desistir”.
Braga responde por quebra de decoro parlamentar após um incidente ocorrido em abril de 2024, quando expulsou com empurrões e chutes o militante Gabriel Costenaro, do Movimento Brasil Livre (MBL), que o teria ofendido nos corredores do parlamento. A mãe do deputado, doente, faleceu menos de um mês após o episódio.
A decisão do Conselho de Ética, que aprovou por 13 votos a 5 o parecer pela cassação, é vista por apoiadores como desproporcional e motivada por perseguição política, especialmente devido às denúncias feitas por Braga sobre o chamado “orçamento secreto”.
O deputado João Leão (PP-BA), que votou pela cassação, justificou sua posição afirmando que o comportamento de Braga durante o processo no Conselho de Ética, incluindo acusações contra o relator Paulo Magalhães (PSD-BA) e o ex-presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL), influenciou sua decisão.
A deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP), esposa de Glauber, informou que o partido tem até a próxima terça-feira (22) para recorrer à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara. Segundo ela, o PSOL avalia a melhor estratégia para o recurso, considerando a possibilidade de recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF).
O protesto de Braga tem mobilizado diversos setores da sociedade. Sete ministros do governo Lula, incluindo Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais) e Sidônio Palmeira (Comunicação Social), visitaram o parlamentar. Além disso, um abaixo-assinado com mais de 154 mil assinaturas contra sua cassação circula na internet.