Presidente do Porto de Los Angeles vê crise se formar com queda nas importações da China

O presidente do Porto de Los Angeles, Gene Seroka, alertou em entrevista à Bloomberg para uma desaceleração crítica nas importações marítimas. De acordo com ele, as cargas vindas da China para os Estados Unidos caíram 33% nas últimas semanas, o que representa a ausência de aproximadamente 50 mil contêineres nos terminais americanos.
Como 95% das exportações chinesas chegam aos EUA por navio, e o Porto de Los Angeles concentra a maior parte dessas cargas, o impacto recai diretamente sobre o comércio e o abastecimento nacional.
🔗 Leia também: Como as importações afetam o preço ao consumidor brasileiro
Redução nas cargas já afeta empregos e logística
Segundo Seroka, a queda no volume já reduziu a atividade de caminhoneiros e trabalhadores portuários. “Antes, um caminhoneiro transportava cinco contêineres por dia. Agora, mal consegue levar dois”, afirmou. Com menos turnos e menos cargas, o setor portuário sofre com a perda de empregos. Para cada quatro contêineres a menos, um posto de trabalho desaparece.
Estoques duram até julho, e risco de falta é real
Gene Seroka alertou que os estoques disponíveis no país devem durar de cinco a sete semanas. Caso a situação se prolongue, faltará produto em setores estratégicos, como vestuário, material escolar e eletrodomésticos. O presidente do Porto de Los Angeles prevê que varejistas devam repassar até 10% de aumento aos consumidores devido ao encarecimento dos insumos logísticos.
Empresas pausam pedidos e esperam por clareza nas tarifas
De acordo com Seroka, executivos já pararam de importar novos produtos. “Muitos empresários pausaram contratações e investimentos. Eles não sabem se devem esperar dois dias ou duas semanas por uma definição”, explicou.
Mesmo com um eventual acordo comercial entre EUA e China, o processo de normalização exigirá ao menos quatro semanas: duas para reposicionar os navios nos portos asiáticos e outras duas para a travessia do Pacífico.
🔗 Leia também: Frete da China cai 60% e setor logístico entra em alerta
Porto de Los Angeles se mantém como ponto estratégico da economia americana
Seroka reforçou que o Porto de Los Angeles lidera a entrada de cargas da China nos Estados Unidos. Segundo ele, o colapso no fluxo de importações impacta diretamente o consumo interno e a estabilidade econômica. “A falta de ação vai provocar efeitos em cascata que afetam desde o emprego até o abastecimento”, concluiu.