ONU tem embate direto entre Irã, Israel e EUA após ataques nucleares
Representante do Irã promete retaliação; Israel elogia ofensiva dos EUA. Reunião termina sem acordo no Conselho de Segurança.

ONU vira palco de tensão entre Irã, Israel e Estados Unidos
A reunião do Conselho de Segurança da ONU, neste sábado (21), escancarou o nível crítico da crise entre Irã, Israel e Estados Unidos. O encontro ocorreu após os bombardeios às instalações nucleares iranianas. A sessão foi marcada por discursos fortes, acusações diretas e, apesar disso, terminou sem qualquer resolução aprovada.
O embaixador do Irã, Amir Saeid Iravani, disse que o país responderá de forma proporcional aos ataques. Ele classificou a ação como uma agressão clara à soberania iraniana.
“O Irã se reserva o direito legítimo de se defender. A magnitude da resposta será definida pelas Forças Armadas”, afirmou Iravani.
Além disso, o diplomata acusou os Estados Unidos de agirem com imprudência. Segundo ele, Washington sacrificou sua própria segurança para proteger o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu. Iravani também reforçou que o Irã não possui armas nucleares, afirmando que seu programa atômico tem fins pacíficos.
Israel elogia os EUA e diz que ofensiva “mudou a história”
Por outro lado, o embaixador de Israel, Danny Danon, celebrou os bombardeios conduzidos pelos EUA. Segundo ele, a ação mudou o curso da história mundial. Para Danon, os Estados Unidos eliminaram “a maior ameaça ao mundo livre”.
“Hoje, o mundo deveria agradecer aos EUA. Vocês ficaram calados enquanto o Irã enriquecia urânio e se preparava para destruir Israel”, declarou.
Além disso, Danon criticou duramente a comunidade internacional. Para ele, houve omissão diante do avanço do programa nuclear iraniano. Países que hoje condenam os bombardeios, segundo ele, foram cúmplices por silêncio ou medo.
Conflito em escalada e sem resolução
O conflito se intensificou no dia 13 de junho, quando Israel lançou um ataque surpresa contra o Irã. O governo israelense alegou que Teerã estava prestes a obter uma arma nuclear. Poucos dias depois, no sábado (21), os Estados Unidos ampliaram a ofensiva, atacando três instalações nucleares: Fordow, Natanz e Esfahan.
Enquanto isso, o Irã nega qualquer plano de desenvolver bombas atômicas. De acordo com o governo iraniano, o programa nuclear tem caráter pacífico. Além disso, Teerã afirma que estava em diálogo com os EUA para reforçar os compromissos do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP), do qual é signatário.
No entanto, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) vinha cobrando mais transparência por parte do Irã. Apesar disso, a agência reconheceu que não existem provas de que o país esteja desenvolvendo armas nucleares. Por isso, o Irã acusa a AIEA de agir com viés político, influenciada por potências ocidentais.
Em março, inclusive, o setor de inteligência dos Estados Unidos afirmou que o Irã não estava desenvolvendo armamento atômico. Essa posição, no entanto, passou a ser questionada recentemente pelo presidente Donald Trump.
Israel e seu arsenal não declarado
Apesar de condenar possíveis ambições nucleares do Irã, Israel nunca reconheceu oficialmente seu próprio programa atômico. Diversas fontes internacionais indicam que o país possui um arsenal com cerca de 90 ogivas, desenvolvido desde a década de 1950.
Assim, o confronto diplomático na ONU reflete não apenas a escalada militar no Oriente Médio, mas também a disputa por narrativas e legitimidade diante da comunidade internacional.