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    Falta de pagamento interrompe atendimentos na Maternidade Dona Iris

    A Maternidade Dona Iris, em Goiânia, suspendeu os atendimentos pediátricos na última sexta-feira, 18, devido à falta de pagamento aos profissionais da saúde. A paralisação, que começou no período noturno, afetou o acompanhamento de recém-nascidos, obrigando a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) a encaminhar gestantes para o Hospital da Mulher (Hemu). De acordo com a Fundação de Apoio ao Hospital das Clínicas (Fundahc), o problema se arrasta desde agosto.

    Em comunicado, a Fundahc informou que a interrupção ocorreu por conta da ausência de pediatras responsáveis pelos cuidados aos recém-nascidos após o nascimento. A fundação enviou um ofício à Secretaria Municipal de Saúde, ao Conselho Regional de Medicina e ao Ministério Público, alertando sobre a impossibilidade de atendimento.

    “A ausência desses profissionais impede qualquer nascimento na unidade”, destacou a Fundahc no ofício, que relatou ainda que o número habitual de médicos, seis no período da manhã e três à noite, foi completamente zerado no turno da noite do dia 18.

    Apesar da suspensão, a instituição retomou os atendimentos de urgência na manhã do sábado, 19, mas outras unidades, como a Maternidade Nascer Cidadã e o Hospital Municipal da Mulher, continuam sofrendo restrições.

    A crise que atinge o sistema de saúde materno-infantil de Goiânia não é nova. Desde agosto, atendimentos eletivos na Maternidade Dona Iris estão suspensos devido à falta de repasses financeiros da SMS. Os profissionais da saúde, sem receber seus pagamentos, resolveram paralisar as atividades, agravando a situação. Em outubro, o cenário crítico também afetou o Hospital Municipal da Mulher e a Maternidade Nascer Cidadã.

    Essa situação reflete o que já ocorreu em 2023, quando a “Crise das Maternidades” paralisou serviços em diversas unidades da capital.

    Grávidas recorrem a hospitais particulares
    Diante da insegurança nos hospitais públicos, muitas grávidas têm optado por buscar atendimento em instituições particulares para evitar riscos à saúde de seus bebês.

    Lilian Rodrigues, doula que acompanha gestantes na capital, relatou ao portal Mais Goiás que várias mulheres com partos marcados em unidades públicas de referência, como a Maternidade Dona Iris, ficaram sem atendimento. “Muitas chegam com contrações e não conseguem sequer uma avaliação médica”, destacou. Ela afirmou que, por medo de complicações, algumas gestantes têm recorrido a hospitais privados, arcando com os altos custos.

    Lilian lembrou o caso de uma grávida de São Luís de Montes Belos que, mesmo com contrações, não conseguiu atendimento na Maternidade Célia Câmara. “Depois de muita insistência, conseguiram uma avaliação, mas pediram para ela voltar no dia seguinte. Quando voltou, descobriu que não teria atendimento”, relatou a doula. Sem outra opção, a mulher teve que realizar o parto em uma clínica particular.

    Desespero
    Outro caso dramático foi o de uma gestante de Goiânia, que preferiu não ser identificada. Com 40 semanas de gestação, ela foi até a Maternidade Célia Câmara para iniciar o acompanhamento de parto normal, mas foi informada sobre a paralisação dos atendimentos eletivos. “Sem exames para monitorar a vitalidade da minha filha, tive que pagar por uma cesárea”, desabafou.

    Após o parto, a bebê apresentou febre e, novamente, a mãe enfrentou dificuldades no atendimento. “Fomos à Maternidade Nascer Cidadão e eles também recusaram atendimento”, contou a jovem mãe.

    O cenário atual de incertezas na saúde pública de Goiânia tem levado outras gestantes a mudar seus planos de parto. Lilian Rodrigues confirmou que várias mulheres que ela acompanha estão optando por hospitais particulares para garantir segurança no momento do nascimento de seus bebês.

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