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    Comissão aprova aposentadoria especial para mulher do campo e projeto segue para o Senado

    Proposta de Marussa Boldrin reconhece trabalho invisível das mulheres rurais e quer impedir que informações como "dona de casa" sejam usadas contra o direito à aposentadoria especial

    O Projeto de Lei 2.047/2023, apresentado pela deputada federal Marussa Boldrin (MDB-GO), foi aprovado por unanimidade na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados. O texto busca garantir aposentadoria especial às mulheres do campo, mesmo quando documentos oficiais trazem expressões como “do lar” ou “dona de casa”.

    Objetivo é reconhecer o trabalho invisível da mulher rural

    O projeto impede que o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) negue o reconhecimento da segurada especial com base em termos que historicamente desvalorizam o papel feminino no campo. Segundo Marussa, “as mulheres sempre estiveram na base da produção rural, mas o sistema previdenciário as ignorou por muito tempo”.

    Hoje, a mulher do campo tem direito à aposentadoria especial aos 55 anos. No entanto, muitas enfrentam entraves burocráticos e preconceitos. Há casos, por exemplo, de trabalhadoras que dedicaram a vida à agricultura familiar e, mesmo assim, tiveram o benefício negado. Por isso, o projeto visa corrigir essa injustiça histórica.

    Relatora denuncia desigualdade nas exigências do INSS

    A deputada Laura Carneiro (PSD-RJ), relatora do texto na CCJ, afirmou que o projeto é fundamental. De acordo com ela, o INSS costuma desconsiderar o contexto da mulher rural. “Notas de produção rural, por exemplo, geralmente estão em nome do homem. E isso prejudica a comprovação de trabalho feminino, mesmo com participação direta nas atividades”, disse.

    Além disso, Laura destacou que o projeto é meritório e impede um tratamento discriminatório contra mulheres.

    Relatório da ONU expõe desigualdades globais no setor rural

    Dados da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) mostram que 36% das mulheres trabalhadoras no mundo atuam na agricultura, enquanto 38% dos homens fazem o mesmo. Apesar da proximidade, as condições são desiguais. As mulheres recebem, em média, 20% a menos do que os homens.

    Ainda segundo a FAO, a produtividade das mulheres em propriedades rurais é 24% menor. Isso ocorre, sobretudo, pela sobrecarga de tarefas domésticas, pelo menor acesso a ferramentas e pela dificuldade em obter crédito rural. Ou seja, há um ciclo de desigualdade estrutural.

    Proposta fortalece o campo e empodera trabalhadoras

    O projeto de Marussa já foi aprovado em todas as comissões pelas quais passou: da Mulher, da Previdência, de Finanças e agora na CCJ. Como tramita em caráter conclusivo, ele seguirá direto para o Senado. Caso seja aprovado, vai para sanção presidencial.

    “Queremos assegurar que a mulher do campo tenha acesso igualitário aos direitos previdenciários. Isso significa mais justiça social, mais empoderamento e maior produtividade no campo, que é o motor econômico do Brasil”, afirmou a deputada.

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