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    Fracassa reunião em Istambul por cessar-fogo na Ucrânia; Rússia e EUA mantêm impasse

    Encontro contou com delegações diplomáticas, mas sem a presença de líderes como Putin, Zelensky e Trump; troca de prisioneiros foi o único avanço

    Cúpula sem líderes esvazia impacto diplomático

    A reunião de paz em Istambul, realizada em 16 de maio, terminou sem avanços consistentes rumo a um cessar-fogo na guerra da Ucrânia. Participaram delegações de Rússia, Ucrânia, Estados Unidos e Turquia, mas o encontro sofreu com a ausência dos principais líderes políticos: Vladimir Putin, Volodymyr Zelensky e Donald Trump.

    Apenas uma medida concreta foi adotada: a maior troca de prisioneiros desde o início do conflito. No entanto, os detalhes sobre o número de libertações e os prazos não foram divulgados.

    Putin propôs reunião, mas não compareceu

    A proposta do encontro veio do presidente russo, Vladimir Putin, em 11 de maio. Durante um pronunciamento, ele sugeriu retomar as conversas interrompidas em 2022, sem pré-condições. A iniciativa veio após pressões de líderes ocidentais por um cessar-fogo imediato de 30 dias.

    Mesmo com o convite feito por ele, Putin optou por não ir. Em seu lugar, enviou uma delegação de segundo escalão, liderada pelo assessor Medinsky. Também participaram o vice-ministro da Defesa Alexander, o vice-ministro das Relações Exteriores Galouzine e o chefe da inteligência militar, Igor.

    Zelensky revida e nomeia ministro para chefiar delegação

    Diante da ausência de Putin, o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky decidiu não comparecer. Ele afirmou que só participaria se o líder russo estivesse presente. Ainda assim, nomeou o ministro da Defesa, Rustem Umerov, para comandar a delegação de Kiev.

    A Ucrânia levou para a mesa de negociações uma proposta clara: cessar-fogo imediato, devolução de crianças sequestradas, libertação de prisioneiros de guerra e garantias de segurança contra novos ataques russos. Além disso, a equipe ucraniana exigiu o respeito à integridade territorial do país.

    Rússia mantém exigências consideradas inaceitáveis

    A delegação russa retomou exigências antigas. Entre elas, a neutralidade da Ucrânia, a renúncia à entrada na OTAN, a desmilitarização do país, o reconhecimento da Crimeia como território russo e a autonomia para o Donbas. Moscou também quer o fim do apoio militar do Ocidente e a renúncia de Zelensky — condições consideradas inaceitáveis por Kiev.

    Apesar do impasse, ambos os lados concordaram em apresentar novas propostas nas próximas rodadas. A Rússia afirmou que “cada parte deverá trazer sua visão de cessar-fogo futuro”.

    Trump, ausente, pressiona por protagonismo

    Embora tenha pressionado publicamente por um acordo, o ex-presidente Donald Trump também não compareceu. Ele afirmou que só participaria se houvesse sinais claros de progresso. De acordo com Trump, “nada acontecerá” até que ele converse diretamente com Putin.

    Enquanto isso, os Estados Unidos foram representados pelo secretário de Estado Marco Rubio, pelo embaixador Barrack e pelo enviado especial Keith Kellogg.

    Erdogan tenta mediar impasse entre os países

    A Turquia assumiu o papel de anfitriã e mediadora. O presidente Recep Tayyip Erdogan recebeu previamente Zelensky em Ancara. No encontro, reforçou o interesse do país em facilitar a paz. O chanceler turco, Hakan Fidan, também participou das negociações no Palácio Dolmabahçe, às margens do Bósforo.

    Porém, nem mesmo o esforço diplomático turco impediu que a reunião fosse classificada como um fracasso parcial. O clima de desconfiança e os ataques públicos voltaram a dominar o ambiente diplomático.

    Acusações e clima de tensão marcam o encerramento

    No encerramento, as trocas de acusações se intensificaram. Zelensky chamou a delegação russa de “fachada”. Em resposta, a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, o chamou de “palhaço” e “fracassado”.

    Enquanto isso, Trump, em visita ao Oriente Médio, afirmou que pretende conversar com Putin e Zelensky no próximo dia 19 de maio. O Kremlin respondeu que aceita uma reunião entre os dois presidentes, mas somente após avanços concretos.

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