Bolsonaro diz que não recebeu voz de prisão de comandante Freire Gomes
"As Forças Armadas sempre primaram pela disciplina e hierarquia"

Bolsonaro nega ter recebido voz de prisão durante reunião com comandantes militares
O ex-presidente Jair Bolsonaro negou, nesta terça-feira (10), ter recebido voz de prisão do ex-comandante do Exército Marco Antônio Freire Gomes durante uma reunião com os chefes das Forças Armadas, realizada em 2022. O encontro foi convocado para apresentar estudos sobre uma possível adesão militar à tentativa de golpe.
Fala ocorreu durante interrogatório no STF
Bolsonaro fez a declaração ao responder a uma pergunta do ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), durante seu interrogatório na ação penal que apura a tentativa de reverter o resultado das eleições de 2022.
Durante a oitiva, o ex-presidente contradisse o ex-comandante da Aeronáutica, brigadeiro Baptista Júnior, que havia confirmado o episódio em depoimento à Polícia Federal. Essa informação foi uma das bases utilizadas pela Procuradoria-Geral da República (PGR) para denunciar Bolsonaro e outros envolvidos.
“As Forças Armadas sempre primaram pela disciplina e hierarquia. Aquilo falado pelo brigadeiro Baptista Júnior não procede, tanto é que foi desmentido pelo próprio comandante do Exército. Se dependesse de alguém diferente para levar avante um plano ridículo desse, eu teria trocado o comandante da Aeronáutica”, afirmou Bolsonaro.
Freire Gomes também negou episódio em depoimento anterior
No mês passado, o general Marco Antônio Freire Gomes também negou que tenha dado voz de prisão a Bolsonaro. Em seu depoimento como testemunha, ele afirmou:
“Não aconteceu isso [voz de prisão], de forma alguma. Eu alertei ao presidente que, se ele saísse dos aspectos jurídicos, além de não concordarmos, ele seria implicado juridicamente.”
Por outro lado, o brigadeiro Baptista Júnior confirmou à Polícia Federal que houve, sim, ameaça de prisão ao então presidente durante a reunião com os comandantes militares.
Interrogatórios seguem até sexta-feira
O relator da ação penal, ministro Alexandre de Moraes, está conduzindo os interrogatórios dos integrantes do chamado “núcleo crucial” da trama golpista. Até agora, já prestaram depoimento:
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Mauro Cid (delator e ex-ajudante de ordens de Bolsonaro)
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Alexandre Ramagem (ex-diretor da Abin)
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Almir Garnier (ex-comandante da Marinha)
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Anderson Torres (ex-ministro da Justiça)
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Augusto Heleno (ex-ministro do GSI)
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Jair Bolsonaro (ex-presidente)
Ainda devem ser ouvidos:
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Paulo Sérgio Nogueira (ex-ministro da Defesa)
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Walter Braga Netto (general e ex-ministro)
Reta final da ação penal
A fase dos interrogatórios marca uma das últimas etapas do processo penal. A expectativa é de que o julgamento ocorra no segundo semestre deste ano.
Se condenados, os réus poderão enfrentar penas que ultrapassam os 30 anos de prisão.