STF inicia novo dia de depoimentos sobre trama golpista de Bolsonaro com foco em Almir Garnier
Ex-comandante da Marinha é o primeiro a depor nesta terça (10); depoimentos seguem até as 20h, sob comando de Alexandre de Moraes

STF interroga militares em novo dia de depoimentos sobre trama golpista
O Supremo Tribunal Federal (STF) retoma nesta terça-feira (10), às 9h, os interrogatórios dos réus ligados ao núcleo militar da tentativa de golpe investigada durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro.
O primeiro a depor será o ex-comandante da Marinha, Almir Garnier. Segundo a Polícia Federal (PF), ele teria se colocado à disposição de Bolsonaro para mobilizar tropas da Marinha com o objetivo de impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva.
Militar teria endossado plano golpista de Bolsonaro
De acordo com a investigação, Garnier manifestou apoio ao plano durante uma reunião com os comandantes das Forças Armadas, realizada em 2022. Na ocasião, Bolsonaro teria apresentado estudos para a decretação de estado de sítio e para a execução de uma operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), com o intuito de interromper a transição democrática.
Além disso, outros cinco réus serão ouvidos nesta terça-feira. O ministro Alexandre de Moraes conduzirá as audiências em ordem alfabética. A previsão é que os trabalhos se estendam até às 20h.
Ordem dos depoimentos desta terça-feira (10)
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Almir Garnier – ex-comandante da Marinha
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Anderson Torres – ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança do DF
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Augusto Heleno – ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional
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Jair Bolsonaro – ex-presidente da República
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Paulo Sérgio Nogueira – ex-ministro da Defesa
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Walter Braga Netto – general do Exército e ex-ministro da Casa Civil
No primeiro dia, Mauro Cid confirmou plano de prisão de ministros
Na segunda-feira (9), o STF ouviu dois nomes centrais na crise: Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, e Alexandre Ramagem, ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).
Mauro Cid confirmou que participou da reunião em que Bolsonaro recebeu um documento propondo a decretação de estado de sítio e a prisão de ministros do STF. Além disso, ele afirmou ter recebido dinheiro do general Braga Netto, que seria repassado ao major Rafael de Oliveira, integrante do grupo conhecido como “kids-pretos”.
Por outro lado, Alexandre Ramagem negou qualquer uso indevido da Abin para espionar ministros do STF e do TSE durante o governo Bolsonaro.
Julgamento está previsto para o segundo semestre
Até sexta-feira (13), Alexandre de Moraes continuará conduzindo os depoimentos dos investigados. O foco está nos nomes apontados como parte do “núcleo operacional” da tentativa de golpe.
Dessa forma, o STF avança para as etapas finais da ação penal. O julgamento sobre a eventual condenação ou absolvição dos réus está previsto para ocorrer no segundo semestre. Em caso de condenação, as penas podem ultrapassar 30 anos de prisão.