Câmara aprova projeto que endurece progressão de pena para homicídios e crimes hediondos
Texto amplia tempo de prisão em regime fechado e proíbe livramento condicional para condenados por crimes graves. Proposta segue para o Senado.

A Câmara dos Deputados aprovou, nesta quarta-feira (2), o Projeto de Lei 1.112/2023. A proposta obriga condenados por crimes hediondos a cumprirem pelo menos 80% da pena em regime fechado. Foram 334 votos a favor e 65 contrários. Agora, o projeto segue para o Senado.
O que muda com o projeto
A legislação atual permite a progressão ao regime semiaberto após 40% a 70% da pena. Com o novo texto, o condenado só poderá mudar de regime depois de cumprir 80% da sentença.
Além disso, o projeto proíbe o livramento condicional. Assim, mesmo com 80% da pena cumprida, o condenado não terá direito à liberdade antecipada.
Mudança no escopo
O autor da proposta, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), pretendia endurecer a progressão apenas para crimes contra agentes públicos, como policiais e juízes.
No entanto, o relator Alberto Fraga (PL-DF) ampliou a medida. A versão final vale para todos os crimes hediondos definidos pela Lei 8.072/1990. Entre eles estão homicídio qualificado, estupro, latrocínio, tráfico de drogas, pedofilia, sequestro e falsificação de medicamentos.
Debate em plenário
Gaspar defendeu a proposta afirmando que crimes contra o Estado precisam de punição mais severa.
“Condenados por crimes tão graves devem enfrentar critérios mais rígidos para a progressão. Isso aumenta o tempo de prisão e desestimula novos delitos.”
Para Fraga, a regra iguala a punição para todos:
“Qual a diferença entre a vida de um delegado e a de um cidadão comum? Nenhuma.”
Parlamentares da oposição criticaram a medida. Tarcísio Motta (PSOL-RJ) afirmou que o projeto aposta em um modelo punitivo que não reduz a violência. Já Lindbergh Farias (PT-RJ) alertou para o risco de superlotação e o aliciamento de presos por facções.
O que diz a Lei de Crimes Hediondos
Essa legislação já prevê penas mais duras, sem direito a anistia, indulto ou fiança. O novo projeto reforça essa rigidez ao tornar mais difícil a progressão de regime.
Entre os crimes afetados estão:
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Homicídio qualificado e feminicídio
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Estupro e estupro de vulnerável
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Latrocínio e extorsão mediante sequestro
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Falsificação de remédios
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Tráfico de drogas e genocídio
Próximos passos
O texto vai agora para o Senado. Lá, os parlamentares podem aprovar, rejeitar ou alterar o conteúdo. No mesmo dia, a Câmara também aprovou o regime de urgência para a votação do PLC 41/2019, que trata da revisão de incentivos fiscais federais.