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    Voto distrital misto divide o Congresso e avança na Câmara

    O presidente da Câmara, Hugo Motta, articula uma votação que promete revolucionar o sistema eleitoral brasileiro a partir de 2030. Entenda como o voto distrital misto busca afastar facções e aproximar o eleitor do político.

    A Câmara dos Deputados se tornou o palco de uma das reformas políticas mais ambiciosas e polêmicas dos últimos anos. Nos bastidores, Hugo Motta (Republicanos-PB) e o relator Domingos Neto (PSD-CE) articulam a aprovação de uma proposta que substituirá o sistema proporcional pelo distrital misto. Segundo os defensores, o objetivo é blindar o Congresso Nacional contra o financiamento de facções criminosas.

    Além disso, a proposta ganhou urgência na pauta da Câmara. Ela representa uma mudança profunda na forma de eleger deputados federais, estaduais e vereadores. O sistema atual, baseado em votos individuais e no quociente eleitoral, gera distanciamento entre eleitor e eleito e facilita o uso de recursos ilícitos em campanhas.


    O Que é o Voto Distrital Misto

    O novo modelo combina representatividade local e força partidária. Dessa forma, cada eleitor teria dois votos:

    1. Voto Distrital (50% das vagas): o eleitor escolhe um candidato do seu distrito. O mais votado vence e representa a região, fortalecendo o vínculo com a comunidade.

    2. Voto em Lista Fechada (50% das vagas): o segundo voto é destinado ao partido. As vagas restantes são preenchidas conforme a lista fechada pré-definida pela legenda.

    Enquanto o sistema atual valoriza a disputa entre candidatos de um mesmo partido, o distrital misto busca reduzir a fragmentação política e fortalecer o vínculo regional. Assim, o eleitor passa a ter voz mais direta sobre quem o representa.

    Sistema Atual (Proporcional) Sistema Proposto (Distrital Misto)
    Voto único no candidato ou na legenda. Dois votos: um para o candidato distrital e outro para o partido.
    Vagas distribuídas por quociente eleitoral. 50% das vagas para o mais votado no distrito.
    Competição interna entre candidatos do mesmo partido. 50% das vagas para o partido (lista fechada).
    Distanciamento entre eleitor e eleito. Maior proximidade e controle partidário.

    A Tese da Blindagem

    Para Hugo Motta, a mudança tem relação direta com a segurança nacional. Ele afirma que o sistema atual permite a infiltração de dinheiro de facções nas campanhas. Além disso, o modelo distrital misto daria mais transparência à origem dos recursos e reduziria o custo das disputas eleitorais.

    “Nós temos que dar um basta nisso. O voto distrital misto, com a lista fechada, permite que os partidos controlem melhor quem são seus candidatos e de onde vem o dinheiro”, afirmou Motta.

    Por outro lado, Domingos Neto reforça que os principais partidos apoiam a proposta, pois enxergam nela uma oportunidade de fortalecer as legendas e garantir mais disciplina interna. Assim, a reforma ganha força política dentro da própria Câmara.


    O Caminho até 2030

    Por se tratar de uma mudança constitucional e eleitoral, o novo sistema só poderá valer a partir de 2030. Dessa forma, a meta é aprovar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) ainda em 2025. Isso garantirá tempo para definir as regras e demarcar os distritos eleitorais.

    No entanto, o texto ainda enfrenta resistência. Críticos afirmam que a lista fechada pode concentrar poder nas direções partidárias, reduzindo a autonomia dos candidatos e a fiscalização popular. Mesmo assim, a base de apoio de Motta cresce a cada semana.

    Portanto, a expectativa é que a votação de urgência ocorra em novembro, abrindo espaço para um debate que pode redefinir o futuro da representação política brasileira.

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